Crime ocorreu na Avenida Senador Rui Palmeira. (Foto: Teresa Cristina)
Crime ocorreu na Avenida Senador Rui Palmeira. (Foto: Teresa Cristina)

A maquiagem das estatísticas da violência em Alagoas sempre foi argumento para acusações de oposicionistas contra a gestão da segurança pública do governo de Teotonio Vilela Filho (PSDB). A partir do dia 15 deste mês de março, tal acusação não será mais rebatida pelo governo de Teotonio Vilela Filho (PSDB). Os números das vítimas letais da criminalidade vão cair no Estado mais violento do País. Mas não se anime. Não se trata de maior rigor na apuração e contagem dos crimes violentos letais e intencionais, convencionados pela sigla CVLI. O que muda é que a maquiagem passará a existir de maneira oficial, porque somente os crimes de homicídio doloso passarão a ser divulgados nos boletins criminais mensais da Secretaria de Estado da Defesa Social (SEDS).

Esta informação, obtive no final desta manhã, ao telefonar para a assessoria de imprensa da SEDS a procura dos números de CVLIs de janeiro e fevereiro deste ano, não divulgados no site da pasta comandada por Eduardo Tavares Mendes. Depois de consulta rápida ao Núcleo de Estatística e Análise Criminal (NEAC), a assessoria informou que os números de 2014 somente serão divulgados todo dia 15, com nova metodologia que deverá considerar morte violenta somente homicídio doloso.

Tal modificação é um retrocesso e pode ser considerada uma maquiagem oficial, já que a definição de CVLI foi criada há cerca de oito anos pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) para agregar em uma metodologia criteriosa para medir o nível de violência no País. O padrão é o aconselhado pelo Ministério da Justiça (MJ), por agregar os crimes de maior relevância social.

Em Alagoas, até dezembro de 2013, entravam para as estatísticas as vítimas de homicídio doloso, roubo seguido de morte (latrocínio), lesão corporal com resultado morte, resistência com resultado morte e outros crimes violentos contra a pessoa que resultem em morte. Agora, como os números da violência submetidos a uma nova metodologia, os números deve cair em torno de 30% a 40%.

O percentual de queda é uma estimativa do deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT), que preside a comissão de parlamentares que acompanha e fiscaliza o programa Brasil Mais Seguro, tocado desde 2012 em parceria do Ministério da Justiça com o governo tucano. Oposicionista, Medeiros vai convocar oficialmente os dirigentes da SEDS para que expliquem o motivo da mudança.

“Querem diminuir a violência na marra, né? Vou procurar saber disso. Diante dessa informação, farei um requerimento hoje, convocando a cúpula da secretaria para que expliquem como vai ser essa mudança de metodologia. Porque crime é crime. Isso dará uma queda de 30% a 40% dessas mortes. Isso não pode”, declarou Medeiros, demonstrando surpresa com a informação.

Apesar do esforço dos governos de Teotonio Vilela e de Dilma Roussef, que priorizaram ações que transformaram Alagoas em um laboratório nacional de combate ao crime, os CVLIs voltaram a crescer a partir de setembro de 2013, fazendo o ano passado terminar com 74 mortes violentas a mais que o ano de lançamento do Brasil Mais Seguro, 2012.

Assim que recebi a informação, encaminhei questionamentos à Defesa Social sobre tal modificação. Aguardo os dados para publicar mais detalhes sobre a mudança.

Por Davi Soares

 Fonte: Cada Minuto

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