Hoje com 77 anos e um belo livro de história e orientação sobre o motociclismo.
Hoje com 77 anos e um belo livro de história e orientação sobre o motociclismo.

João Cruz começou seus primeiros quilômetros sobre uma motocicleta em 1951, mas só veio a ter uma habilitação para conduzir motos dois anos depois, em 1953.

Desde muita tenra idade, lá pelos 4 anos, João já tinha uma especial vocação pelo que envolvesse rodas e equilíbrio. Quando aprendia patinação, passou a gostar de sentir o vento da liberdade no rosto e daí para uma moto faltava muito pouco.

“Acredito que motociclistas já nascem com essa –vocação- no sangue e, por isso, pensam: – Nascemos e logo aprendemos que mais cedo ou mais tarde vamos morrer, então, enquanto isto não acontecer, vamos é aproveitar!”, comenta João.

João, hoje com 77 anos, foi um pioneiro. Já na década de 60, achava que, desejando conhecer um determinado local, indo de moto seria mais rápido e que teria a oportunidade de fazer contatos diretos com pessoas pelo caminho.

“Sempre tive curiosidade por conhecer novos locais, principalmente dentro do Brasil (-gigante pela própria natureza-, ensina o Hino nacional) cuja natureza é realmente bela e exuberante, extasiando quem a vê, pelo fato dela descortinar visões fantásticas e pouco conhecidas”, explica João.

Em 1960, numa viagem de mais de 6.000 quilômetro que fez pelo nordeste durante 41 dias, que teve como ponto de partida o Rio de Janeiro e cujo destino final era o Recife, acabou passando por Campina Grande (PB) e várias outras cidades. As estradas eram de terra, desertas, abandonadas, sem gente, sem socorros, sem um mínimo de infra-estrutura e, portanto, perigosíssimas. Mas eram místicas e tentadoras por desafiarem e ao mesmo tempo atraírem estradeiros para nelas ingressarem na busca das suas aventuras, sem que tivessem qualquer noção real dos riscos que iriam correr.

“Antes dos anos 70, época dos famosos “Anos Dourados”, iniciado nos anos 50 com marcantes filmes envolvendo motociclistas e motocicletas, como, por exemplo, “O Selvagem” com Marlon Brando, as motos eram, na maior parte, originárias da Europa. Se fazia necessária muita criatividade na conservação das motos devido à falta de peças. Havia mais interação motociclista/motocicleta em razão do próprio piloto ter de usar sua criatividade para consertos. Os ‘irmãos’ de estrada eram mais solidários para ajudarem uns aos outros em qualquer lugar que estivessem. Pelo menos, as motos eram menos sofisticadas que as atuais, dotadas de poucos acessórios, por isso mais simples, o que facilitava sua manutenção e conservação”, relembra João.

Em 1961, João resolveu ir sozinho até Curitiba. Por ser raro na época um motociclista estradeiro, logo após ter saído do Rio e ainda no Estado de São Paulo, um repórter rodoviário da rádio Record fez uma entrevista com ele.

“Por cerca de 50 anos guardei sem qualquer interesse, jornal, fotos, caderno (era carimbado nos Postos Rodoviários), e principalmente o diário onde anotava o dia-a-dia das várias viagens que fiz. Ano passado, casualmente, amigos do Salvador Moto Grupo, da Bahia, após o lerem, disseram que seu conteúdo teria de ser divulgado por haver história, bons exemplos e parâmetros importantes para as novas gerações de motociclistas. Mediante tal colocação, embora passados 50 anos, consegui compor um original. Agora procuro editora ou patrocinador para que a obra tenha a maior divulgação possível e muitos milhões de motociclistas possam tomar conhecimento das histórias e orientações que descrevo”, comenta.

Mesmo tendo sofrido vários tombos de moto, João se orgulha de nunca ter ficado com um osso quebrado. “Prudência na pilotagem, respeito às normas de trânsito e um pouco de sorte. Para mim, esta foi, é, e sempre será a tríade do motociclista”, afirma João Cruz.

Para concluir, um de seus pensamentos:

Vivendo mais que parentes, esposa e amigos, guardo deles gostosas recordações.
Recordações essas que, com o transcorrer do tempo, pesam e machucam.
Mas, pela felicidade que tivemos por compartilhar nossas vidas, conseguimos transformar em eternidade o tempo que durou a nossa amizade.
Eternidade essa que um dia também me envolverá e, quando isto acontecer, meu desejo é o de com eles permanecer.

Fotos: Arquivo pessoal – João Cruz
HS 24 horas -De olho na notícia
Por : Joao Cruz motociclista pioneiro

Uma resposta

  1. Estava viajando e prazerosamente vi a Matéria sobre uma das minhas viagens nos Anos Dourados. Honrado, agradeço a publicação e informo que pretendo lançar, brevemente, 2ª Edição do livro “Motociclistas Invencíveis”. Informando:
    1ª foto: Governador Valadares-MG
    2ª: Carne de sol exposta na estrada, para vender.
    3ª: O “artista” brincadeira!
    4ª: Um dos 70 carimbos colocados nas Polícias Rodoviárias.
    5ª: Pneua furado. Tinha que desmontar tudo.
    6ª: Praça em Itabuna-BA.
    7ª: Cinema em Itabuna.
    8ª: O garupa fazendo pose numa praia em Salvador-BA
    9ª: A moto super carregada de tralhas.
    Agradecendo a atenção, despeço-me com grande abraço.

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